quinta-feira, abril 12, 2007

Triste fim do gato larápio

Era um gato manso. Andava roubando comida em cima das mesas, fogões e cestos de lixo. Não pedia licença. Não fazia alarde. Aos poucos foi conquistando a ira de toda a rua. Tentavam escaldá-lo, assustá-lo com os cachorros. Mas em resposta, apenas seu ratro de sujeira e indignação por o bicho não temer represárias. Eis que dois moleques, bem sádicos, resolvem armar uma emboscada. Nada atraía mais seu paladar que um bom pedaço de carne, de preferência um bifinho, mal passado. Um fica atrás da porta, para fechá-la logo após a investida do gatuno. O outro, com o líquido inflamável e o fósforo. Um jogo mortal. Inocente e despreocupado pelo o que ainda o aguardara, o bichano entra no jogo. E é pego de surpresa. Seu pêlo encharcado recebe o golpe fatal da combustão. A chama viva foge pela porta e busca desesperadamente a rua. Nesse instante, as crianças param a corda de pular e a bola, vendo aquela cena insólita e inesperada. Na sala, estavam o pai, a mãe e seus filhos, os donos do pobre gato. E numa cena macabra, o gato aparece, como que se despedindo de sua família humana, carbonizado em plena varanda. Num grito de horror, sua dona brada aos vizinhos socorro. Em seguida, clama por justiça. Quem haveria de forjar um fim tão cruel para seu bichinho?
A rua, em polvorosa pára diante do acontecido, pasmos com a conturbada histeria da mulher. Aos poucos, notava-se um sorriso de canto de boca de alguns observadores. Mas nada se comparava com as gargalhadas sinistras vindas de certa janela...


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