terça-feira, março 13, 2007

Distraída


Sempre fui distraída, esquecida e desajeitada para muitas coisas. Tenho o péssimo hábito de esquecer aniversários, horários dos médicos, compromissos sem fim. Tive muita vergonha de dar vários foras, de chegar atrasada, de errar as datas e os locais. Já dei muita raiva a quem depende de mim... Perco as coisas, sou desorganizada. Detesto arrumar gavetas. Não me importo muito com o relógio, aliás, eu nunca sei onde o guardo. Não tenho guarda-chuva. A chuva sempre me pega desprevenida no meio da rua... e quase sempre com meu belo penteado. Minhas contas eu levo a sério. Dou sempre prioridade para a tia que vende pão na frente da escola, pago ela rigorosamente em dia. Deixo sempre a Riachuelo e a Pernambucanas, pois o serviço de cobrança nunca me deixa esquecer, ligam pra me lembrar, lógico. Devolvo livros e Cds, mesmo que passe mais de um ano, mas devolvo. Adoro emprestar roupas e não ligo se não me devolvem. Acho bobeira gastar dinheiro com tanta roupa, calçado. Mas nem vejo o quanto gasto com minhas canetas coloridas, com o sorvete da esquina e com as figurinhas da banca. Faço vaquinha pra comprar lanchinho nas reuniões de planejamento. Não é pela comida. É por poder ficar conversando fiado com as meninas, minhas amigas professoras. Não gosto de ligar para ninguém. Detesto falar ao celular. E me irrito com as chamadas não atendidas. Eu nunca retorno, ainda mais se não souber quem é. Fico muito tempo sem dar notícias para minha avó, tadinha. Aflita com uma neta ingrata como eu. Esqueço de ligar. E ela nunca esquece de me dar seu colo e de falar até o que eu não quero ouvir. Ando fugindo de ouvir o que não quero. Não gosto mais de nenhum tipo de cobrança. Estou numa fase egoísta. Eu sei... preciso mudar tanta coisa! E esqueço de coisas importantes também, que depois me vejo muito apurada. Esqueço do meu dia e horário na análise. E vou ficando com tudo aqui na minha cabecinha de vento. E me chateio com esse esquecimento, pois sei que é minha fuga. No fundo, esqueço porque sou malandra. Uma defesa consciente. Mas vou parar com essa distração, pois serve para ir muito além da minha superficialidade cotidiana. Eu preciso fazer algo por mim, com responsabilidade e disciplina. Ser uma moleca, mas só com a vida e não comigo mesma.

Resista

Resista a toda maledicência
A toda inveja, a toda ira
A toda tarde sombria, a toda mágoa contida
A tudo de negro no coração
A toda lembrança que fere
A cada lágrima que escorre
Na tristeza que se esvai.
Resista a toda preguiça
A toda tolice
A toda mentira
A falsidade
A crueldade
A solidão.
Num dia sem razão
Assim quase sem querer
Vai voltar a esperança
O riso
A vida...
A vida sempre será mais forte
Atropelando
Ensinando
Refazendo
Incrivelmente bela
Veloz
Imprecisa
Necessária
Nova.
Resista
Reviva
Viva!

Juliana

segunda-feira, março 12, 2007

Na estrada

Final de semana diferente e muitíssimo especial! Com a família, fui para Dourados, comemorar um ano de idade do Arthur, filho da minha amiga Dani e do meu amigo Daniel. É tão bom ver como chegaram até aqui. Meus grandes amigos. Ainda lembro do dia em que o Daniel chegou com a Dani no Strike, onde estávamos loucos pra conhecer a mulher que estava fazendo o Daniel ficar um moço mais ajuizado, digamos assim. Mas a Dani fez muito mais por ele, e ele por ela. Casaram. E nós sempre unidos. Três casais. Eu e o Tom. O Cláudio e a Valéria. Daniele e Daniel. Pessoas tão diferentes. Como sempre acontece. E no caminho, com aquela bucólica paisagem do centro-oeste, onde plantações de soja formam tapetes infinitos no horizonte e o gado nas pastagens, me fizeram pensar bastante na vida. E dessa vez foi bom pensar nela e nas pessoas que estão comigo, há tanto tempo. Das nossas divertidas histórias, das viagens pra praia, das baladas fortes na night, na emoção de ter os filhos, ( o exagerado do Cláudio e a Va tiverem três, um atrás do outro!!!), e como cada um está sempre presente, ajudando e tornando a palavra amizade algo tão forte e importante para trazer luz à nossa vida. E na estrada, ali bem sentadinha curtindo os minutos pra voltar pra casa, senti que sempre voltamos para um mesmo lugar. O lugar da segurança, da realidade e das coisas que nos são valiosas. Eu volto a cada dia para a vida real. Eu estive numa estrada, e me senti triste ao perceber o tão longe fui, até de mim mesma. E a volta é difícil, mas necessária. E cada vez mais próxima, percebo que volto, mas as coisas estão diferentes. Eu estou. Quem me espera está. E ainda por cima, há uma torcida para dar apoio, pra dizer palavras de solidariedade e de esperança. São meus amigos. Grandes amigos. E tudo se renova. E vem mais aventura, mais emoção, mais aprendizagem. Minha estrada parou de ser deserta. E escura. Agora, admiro, respiro, dou risada. E se chorei, se quis morrer, se achei que nada valia a pena, agora penso tão diferente. Eu olho pra trás, para ver o que me vale de verdade, o que me serve de bom, mas estou atenta a frente, aquilo que é preciso estar conquistando. No entanto, é onde estou, é onde está meu coração, a minha mente, que me concentro e me vejo, refazendo meus pedacinhos, reconstruindo meus sonhos, fazendo valer minhas vontades e dando a todos o melhor de mim. Ainda que este seja pouco, ainda que eu tenha minhas imperfeições. Quem me ama, está disposto a continuar ao meu lado. E tenho tanta gente. Mas a pior solidão, que é aquela acompanhada, essa não me pertence mais. Eu me sinto bem acompanhada e sei com quem posso sempre contar. E assim sigo, e assim é a festa de novas vidas, sempre com alegria, esperança de criança, sorriso e sinceridade constante. Eu na estrada... eterna criança.

sexta-feira, março 09, 2007

As rosas preferidas


Ontem reparei nas flores. As flores pelo Dia Internacional das Mulheres. Quando penso nesse dia, logo vem em mente os sutiãs queimados pelas revolucionárias operárias. Essas sim merecem um aplauso, pela época, pelo contexto em si. Tantas são as mulheres de valor, aquelas que encararam a vida não como um discurso vazio ou feminista hipócrita, querendo uma piedade por ser uma mulher, ou pior, favores revestidos de auto-piedade. E na eterna discussão entre ser mulher, ou o que seja uma mulher, não sinto ser verdade que somos vítimas. Vivia como uma vítima, me sentia até feliz por ser! Mas é um preço muito alto a ser pago. Quando deixa-se de expor suas idéias ou vontades, pra qualquer ser humano, isso é anulação, é comodismo. Independente do sexo. Mas há uma tendência, na própria criação que muitas mulheres são submetidas, de ser a protetora, aquela que consegue aguentar quase tudo com um sorriso nos lábios. Isso é irreal. Acho graça de pensar na minha condição de mulher. O tanto que ouço reclamações das amigas. Todas reclamam dos homens, esses insensíveis e desprezíveis seres que nos fazem sofrer até a morte... mas que os adoramos e fazemos de um tudo para tê-los ao nosso lado! Que paradoxo!
Num salão de beleza, local de pura tortura, as caras de dor valem a pena, só pra ganhar um olhar, um elogio. Mas tola mulher que usa desse expediente para chamar a atenção. Ajuda, mas pode não ser o suficiente. As rosas merecidas, são aquelas da admiração, da união de idéias e valores. São mais perfumadas, quando dadas em dias comuns, são mais belas ainda quando não se espera. Ser uma mulher, passar por toda TPM, toda depilação, todo trabalho de parto e ainda ver as bundas da tv dar ibope, me irritam, mas isso é outra história. Cada um sabe o que fazer com sua bunda!
Eu vou lá ver as flores que tenho em mim, pois elas desabrocham em minha mente. São meus pensamentos que florescem, a cada dia que vejo que a vida, sendo mulher ou homem, tem tanto a nos oferecer. Basta ter coragem e seguir com muito amor no coração.

quarta-feira, março 07, 2007

Ainda bem...


Ainda bem
Que você vive comigo
Porque se não
Como seria essa vida?
Sei lá, sei lá
Nos dias frios em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto de amar, de amar

Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não daria
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Ainda bem
Que você vive comigo
Porque se não
Como seria essa vida?
Sei lá, sei lá
Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não daria
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Neste mundo de tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa hein?
Entre tantas paixões
Esse encontro
Nós dois, esse amor.

Entre tantos outros
Entre tantos anos
Que sorte a nossa hein?
Entre tantas paixões
Esse encontro
Nós dois, esse amor.

Vanessa da Mata.

Estou esperando...menos de 24 horas. O tempo não passa, mas a chegada, é a certeza de pura felicidade! E a música vai embalar a noite, e a brisa vai trazer a suavidade necessária... e meu leito vazio...te aguarda! Sempre! Ainda bem que você, sempre está comigo... e é capaz de superar todos os meus devaneios, pois me diz... por você, vale a pena! E me convenço...eu valho a pena!

terça-feira, março 06, 2007

Te vejo


Almas suspensas no ar
Por entregarem-se no amar
Nada fácil...

Encontrar
Desencontrar
Aceitar
Que meu colo vazio estava
Que nada parece no lugar:

Quando não me vejo
Dentro do teu olhar
Na hora de te amar.
Juliana.

Menti


Não cola
Não rola
Vou pegar meus desejos
Fazer um pergaminho
Escrever em hebraico
Todos os caminhos
Que te levem ao meu bem querer

Não facilito
Resisto
Pra no fim te olhar de lado
Sorrir de um jeito maroto
Que era pra te enlouquecer
Que menti não te querer!

Juliana.

domingo, março 04, 2007

Niver da Taís

Neste sábado, nos encontramos, "só para mulheres", no Caramelo. Motivo mais que especial: Aniversário da Taís!
Estavam as amigas, a família e as filhas. Todos para brindar a data e desejar para Taís tudo de melhor que a vida possa dar. Na foto, apenas o pessoal da escola. Pessoas que eu amo muito, que quero sempre presentes em minha vida. Entre elas a...
Taís!
Sempre trazendo para mim o incentivo, a compreensão e a amizade. Se posso desejar para ela algo verdadeiramente importante, seria o amor. O eterno recomeço, o entendimento e superação. Não é fácil com certeza, lidar com os humores. Ainda mais quem tem uma alegria tão grande. Mas sei que tudo em nossa vida vem de encontro ao nosso aprendizado, e as pessoas estão sempre ao lado para também aprenderem conosco. Que cada dia as pessoas ao seu redor abram seus olhos, seu coração, e deixem que a alegria fale mais alto que qualquer incompatibilidade de gênio e humores. Amo você Taís!

sábado, março 03, 2007

Especiais!

Tenho a grande oportunidade de trabalhar em uma escola inclusiva. Há muitos anos, a equipe despertou para uma realidade latente. A inclusão no ensino regular de crianças com necessidades especiais. No começo, não havia nada, nenhum suporte, nenhum parâmetro... apenas boa vontade. E foi algo totalmente novo. A etapa de quebrar as barreiras do preconceito, bastante desgastante. Mas houve determinação. Houve esclarecimento e preparo. Estudamos, tivemos muitas dúvidas, sofremos, descabelamos quando deixávamos a ansiedade, a culpa ou a insegurança nos confundirem. Algumas vezes quisemos desistir. Uma sala, muitas adaptações e o firme propósito de fazer o impossível acontecer de maneira possível. Não é apenas o ganho social, não é apenas a aprendizagem. A inclusão rompe barreiras invisíveis aos nossos olhos. Ela possibilita lidar com as diferenças, com as limitações e acima de tudo com o amor incondicional pelo o que se faz. Aceitar, compreender e ter sensibilidade. Saber aquilo que fica escondido numa birra, numa recusa, numa agressão, num olhar perdido ou num choro. As crianças com necessidades especiais mais nos ensinam do que se pode imaginar. Nesse caminho, eu tive anjos, crianças que guardo em meu coração como flores de minha colheita. Colhi meu trabalho mais bonito e mais intenso em cada uma delas.

quinta-feira, março 01, 2007

Eles se amam...


Ter um casal como este é não ter monotonia 24 horas. O dia inteiro estão procurando alguma arte para fazer. Tento deixá-los ocupados... mas nem sempre há tanta coisa ou imaginação da minha parte. Esses dias, após assistirem Zoboomafoo, onde aprenderam que ovos precisam ser chocados para que nasçam os filhotes, sorrateiramente foram até a geladeira, pegaram ovos e levaram para o quarto. A intenção era chocar os pobres ovos, mas abaixo do edredom!!! Por um fio de cabelo, não sentaram em cima, pra "esquentar" melhor os ovos...
Bom, as brigas também fazem parte... Quem vai entrar primeiro no carro, quem vai apertar o botão do elevador, quem vai ficar sentado no sofá maior, quem vai tomar banho por último, quem vai terminar a tarefa da escola primeiro ( nessa a Isa está em grande desvantagem!), quem vai colocar a ração do Bisteca, quem o Bisteca vai correr mais atrás, enfim, é um brigueiro só. Muitas vezes me sinto uma Embaixadora da Paz, buscando diplomaticamente fazê-los ceder, compreender que precisam dividir e respeitarem-se mutuamente. Nada fácil, mas precioso. E há tantas risadas no intervalo... Mesmo quando o Pedro pertuba o pipoqueiro na frente da escola, ou quando a Isadora emburra, ( igualzinho a mãe), porque suas vontades não foram supridas. Filhos de ouro, presentes de Deus. Amores eternos!

Bom dia!


Quando escrevemos, deixamos tanto de nós. Eu gostava do papel, da escrita na fina folha. Gostava de ver minha letra ali, bonita e redonda. Sabia que a pressão no caderno era minha ansiedade. Onde vou escrevo até em meus pensamentos. Nas linhas da imaginação. Algumas coisas eu me desfaço, sendo desnecessárias ou que me causem desconsolo. Então achei um jeito novo de mostrar. Escrevo na tela. Aqui tenho minhas imagens. Aqui não controlo quem me vê. Qualquer pessoa pode ler e me ver. Nas entrelinhas do que escrevo, deixo tanto de mim. E não tenho medo de ser julgada, vista, ou quem sabe, criticada. Pois escolhi ser assim, um livro aberto. Algumas vezes, posso me ferir, outras posso me surpreender. Mas tudo que vivo, tudo que acredito, sempre me foge. As palavras são por vezes teimosas e querem sair de mim, sem pedir muita licença. Isso me faz bem, eu desobstruo as vias que sufocam meu coração. Então fico mais leve e mais feliz e isso acalma. Se deixo tristeza, é pra ser feliz mais tarde. Se deixo humor, é por querer compartilhar. Se deixo amor, é pra dar esperança que os sentimentos têm os seus momentos, mais inesperados. E se não consigo fazer um sol surgir no meu peito, é porque ainda não amanheci o suficiente pra contemplar um novo dia. Mas pra isso, preciso descanso. E adormeço pra depois me ver no meio dia, sorrindo e tendo a certeza que a vida sempre vai me trazer grandes momentos. Bom dia!