segunda-feira, abril 23, 2007

Versos resgatados da agenda


Tenho a estranha mania de escrever pra mim mesma. Mania boba. Mania. Mas vou deixar aqui, meus últimos versos, escritos na minha agenda 2007...

Depois que choro
Desmaio
Desfaço
Desfecho: desamarro
O peito!


Acordei o dia amando
Pois adormeci suavemente
Entre suspiros de paz.
Era teu corpo junto ao meu
Lembrando que é possível
Amar como se a vida
Nos apresentasse novamente:
"Muito prazer,
sou eu!"
Meus versos num domingo
são apenas palavras preguiçosas
esperando que o dia termine
num embalo da rede
e num afago pra sonhar
com a vida que vai recomeçar
no pôr-do-sol de um dia
que não se vai sem o olhar
de saudade de estar
no lar
no sofá
e na espera do próximo domingo...

O relógio já não existe
Tempo...
Para quê?
O relógio interno
É caprichoso...
O meu tempo é outro.
Meu tempo reluta
Ele pode voltar
Ele pode parar
Eu apenas
Contemplo
Meu tempo.

Nenhuma página
deve estar em branco.
A vida exige histórias
O cotidiano
Os sonhos
Tudo acontece a toda hora.
Eu reparo
Eu observo.
Que tenho deixado páginas em branco.

Tenho medo de
um certo dia
acordar sem mim
deixei-me
por tanto canto
que ando sem encanto
subir um degrau da vaidade
quem sabe...
Minha grande vaidade é sentir-me amada.

Minha
vida não é um poema
Não autorizo sê-lo
Eu apenas desejo viver
Com olhos de poeta
Aprender com mansidão de poeta
Sentir com a beleza de poeta
ter em punhos apenas flores
estancar todo sangue
Mas apresentar
a realidade
como possibilidade de paraíso
Eu consigo.

Lá na minha janela
eu escuto os barulhos noturnos
no sábado ruidoso
Afobado, etílico
sensual
libido
É o ar que chega até a janela
É a correria dos carros
A pressa
Será que se sente?
Artificialmente...
Se mente
Ah! Que barulho!
Que mexe, me remexe na cama
Quero dormir...



Brilho
Brilho
Ofusca
Brilho
Passageiro
Brilho
Acabo
Escuro
Brilho
Brilho
Outro dia
Brilho!

Pra mim...Juliana Mendes.

sábado, abril 21, 2007

Solar

Hoje eu pensei em minhas amizades...E que b0m, meu coração se aqueceu. E foi assim como um raio de sol a adentrar qualquer escuridão, todas as meninas que brilharam em meus olhos. O convívio diário, os bons dias e os abraços. Sinceros e desprovidos de qualquer incompletude. As personalidades tão diferentes. Mulheres tão diferentes. Histórias de tanto valor pra meu aprendizado constante. E assim fiquei um tempo lembrando de cada uma, da escola... boa parte está lá...E quando digo que meu local de trabalho é mágico, isso se deve em muito à elas. Nas horas incertas, nas mancadas, no perdão, no reconhecimento da falha, na falta, na ausência, na vida. Sem pessoas em nossa vida, nos fechamos no restrito universo de nós mesmo. Tão limitado. E perde-se a chance de saber que existe tanta luz. Que existe alguém que naquele dia em particular só queria ouvir um boa tarde, queria um sorriso, queria um abraço, um obrigada... simples, terno, preciso, necessário. Vou sorrir mais um pouco, lembrando das " Chapolins mais lindas" e das grandes mulheres de grandes desafios!

quinta-feira, abril 19, 2007

Racionalizar o incompreensível



Imagine um dia normal em sua vida. Mas, um bom dia. Com sol bonito lá fora, criança fazendo festa, amor brilhando nos olhos, satisfação em fazer coisas que ama, e que principalmente acredita. As amigas com tanta conversa e risada, que a hora passa depressinha.O chefe está feliz com você. O porteiro te dá um sorriso e você sai por aí sem nada de aborrecimento. Então...vem lá de dentro um nó bem no meio do peito. E aumenta.Aumenta. Paraliza. E vem o choro. Vem uma onda de tristezas...pra quê? Por que??Estou aprendendo a pensar no meio da crise. De ver lá bem no fundinho do coração, razões tão concretas de uma existência feliz. E ainda vem o abraço, o imenso amor que me envolve e me refaz. Uma mão que não me desempara. Nunca. E vai passando...cessando...sem grandes explicações...

sábado, abril 14, 2007

A solidão é fera, a solidão devora...


Quisera eu, saber me esconder melhor... Nem sei se consigo. Revelo-me tão prontamente. Meu humor, minhas manias, meu jeito risonho, meu jeito emburrado. Onde passo, ali fico...tempo. E tenho pensado sobre o conviver comigo, agora que estou na inconstância do meu humor. Picos de ansiedade, de vitalidade, de saciedade, de felicidade, de ira, de agonia, de tristeza, de vida e até de morte. Embora, compreenda agora... morte de tudo que não me faz bem, que não me acrescenta...que me esgota, que me revolta.
É...um dia de cada vez. Um comprimido pra cada horário certo. Caso o contrário...aperto no peito.

quinta-feira, abril 12, 2007

Triste fim do gato larápio

Era um gato manso. Andava roubando comida em cima das mesas, fogões e cestos de lixo. Não pedia licença. Não fazia alarde. Aos poucos foi conquistando a ira de toda a rua. Tentavam escaldá-lo, assustá-lo com os cachorros. Mas em resposta, apenas seu ratro de sujeira e indignação por o bicho não temer represárias. Eis que dois moleques, bem sádicos, resolvem armar uma emboscada. Nada atraía mais seu paladar que um bom pedaço de carne, de preferência um bifinho, mal passado. Um fica atrás da porta, para fechá-la logo após a investida do gatuno. O outro, com o líquido inflamável e o fósforo. Um jogo mortal. Inocente e despreocupado pelo o que ainda o aguardara, o bichano entra no jogo. E é pego de surpresa. Seu pêlo encharcado recebe o golpe fatal da combustão. A chama viva foge pela porta e busca desesperadamente a rua. Nesse instante, as crianças param a corda de pular e a bola, vendo aquela cena insólita e inesperada. Na sala, estavam o pai, a mãe e seus filhos, os donos do pobre gato. E numa cena macabra, o gato aparece, como que se despedindo de sua família humana, carbonizado em plena varanda. Num grito de horror, sua dona brada aos vizinhos socorro. Em seguida, clama por justiça. Quem haveria de forjar um fim tão cruel para seu bichinho?
A rua, em polvorosa pára diante do acontecido, pasmos com a conturbada histeria da mulher. Aos poucos, notava-se um sorriso de canto de boca de alguns observadores. Mas nada se comparava com as gargalhadas sinistras vindas de certa janela...


segunda-feira, abril 09, 2007

Esqueci de dizer...é outono!

Dentro do carro, Tom me diz: " Repare, as árvores, é outono! "
Um ser, descobrindo o mundo. Um homem. Novos olhares... Reparou no tempo, reparou nas melodias que me cercam, no meu jeito de comer, nas mãos feito criança, juntinhas. Viu meu delicado olhar para as palavras. E veio ler comigo minhas leituras. Emocionou-se. Transfigurou-se. Deixou cada emoção surgir, boa, má, mas revelou-se. Fala. Ouve. Sente. Demonstra. Que caminho árduo até retornar para mim. Que cela. Que solidão. Mas trazia em si algo imutável. Valores. Sentimentos. Determinação. Ousadia. Fé. Perseverança. E juntou minhas mãos, paralizadas. E secou cada lágrima. E seu abraço, e seu afago...o colo. " Estou aqui, ao teu lado ". Nada mais simples. Cumplicidade num recomeço difícil, conturbado. Mas nem a dor em meu peito, nem as emoções sem controle, afastam. Não. Descubro tudo novo. Me assusto.Me vejo nos desejos sinceros de outrora. Realidade. Se as folhas caem, se tudo fica tão frio e cinza...outono, inverno, inferno...sei lá. Ainda assim, quando o destino é ser melhor do que se foi, as cores vão retornar, a beleza, a poesia, os ternos sentimentos. Coração aberto. Não me sinto só. Vou colher minhas descobertas, vou semear ainda o necessário amor, pra admirar enfim, tudo que ainda está por vir.

domingo, abril 08, 2007

Palavra



imagine um sentimento água.

um sentimento árvore.

uma agonia vidro.

uma emoção céu.

uma espera pedra.

um amor manga.

um colorido vento sul.

um jeito casa

de ser.

uma forma líquida de pensar.

uma vida paredes.

uma existência mar.

uma solidão cordilheira.

uma alegria pássaro em chuva fina.

uma perda corpo.



Viviane Mosé

Abra sua janela


Lá fora
tem muito mais
A música
O poema por ver...
Ver a beleza
Escondida
Atrás das paredes
Entrelinhas constantes
Visão restrita
Dos que sentem
dos que se permitem sentir
A pulsação
A vida
Em cada paisagem
pela singela
janela.
Juliana

Chocolate, chocolate!


A casa em silêncio, uma mãe pelo chão...fazendo pegadas do Coelhinho da Páscoa até o ninho preparado pelas crianças. E amanhece, e encontram os ovos no ninho. Correm até a cama. E os pulos e a gritaria. Feliz Páscoa!!! Feliz Páscoa!!!
" Existe Coelho da Páscoa?"
" O que você acha?"
" Eu acho que sim..."
" Então tá.."
É enganar?
Não. É respeitar a fantasia, a imaginação infantil, que no seu tempo certo, vai concluir que é absurdo um coelho distribuir ovos de chocolate, assim como a Fada dos Dentes, o Papai Noel, tudo acaba um dia. A ilusão se desfaz por si mesma. E eles estão alegres e hoje os vi repartindo os chocolates. Entre os primos e tias, a família...Tive orgulho, entenderam o mais precioso, a maneira eficiente que a doação nos traz alegria, no ato de ser menos egoísta. De se importar. Com outros.
E vamos nos abraçar, e vamos celebrar tudo que significa a data. Uma palavra: renascer. E esta é sem dúvidas a palavra que vem mais forte em meu coração. Desfazer velhos hábitos, abrir as cortinas onde escondia meus desejos, fazer a fala ser ouvida, fazer coisinhas bobas que havia esquecido como eram boas. Desobedecer a tristeza, fazê-la tornar-se piada diante da grandeza da vida. Tenho ouvido tanto, prestado atenção naquilo que reluto a reconhecer falho em mim, e também tudo que gera admiração. Eu modifico, eu recomeço sem preguiça e sem desculpas. Com energia?
Chocolate!!!!!
Recuperar a doçura. Resgatar as doces palavras. Expressar. Saber tocar corações amargurados.
Sentir prazer indescritível com coisinhas tolas. Fechar os olhos ao morder um bombom, derretê-lo na boca e sentir que em breve instante, é apenas o que importa. Valorizar momentos. Valorizar a presença das pessoas. Amar cada reencontro. Sorrir com as histórias que podemos recordar juntos. Enfim, mesmo que pareça piegas demais, amar ainda é a única maneira de superar as falhas, de perdoar com sinceridade, de sentir que vale a pena. Tudo. A vida...

quinta-feira, abril 05, 2007

A escrita

Saudade! Do meu blog... Ah, tão adolescente! Que nada. São meus pensamentos soltos numa rede sem fim, num emaranhado de teias, uma renda tecida com cuidado, invisível, olhares que me fogem e que desconheço.
Fiquei sem escrever, por aqui. Mas tantas coisas para se fazer, tantos assuntos na vida real, na qual eu tenho escrito caprichosamente a palavra renascer. Renasço, refaço e reaprendo. Tudo tão particular e belo. Minha vida em minhas mãos. Meus desejos, minhas insondáveis questões revistas por mim com olhar de aprendiz, mas com maturidade e confiança.Confiança em mim mesma e em minha capacidade de superação, de levar a sério minhas escolhas e fazê-las tão possíveis, tão importantes ao me tornar melhor. Um pouco de cada vez. Com quedas, mas com impulso imediato, buscando continuar e a fazer os dias melhores, a ter sentido, a sorrir com a brisa em meu rosto e a olhar pra dentro e ter a certeza que estou indo bem... E escrevo pra mim mesma, muitas vezes. E meu punho não dói, meus olhos não cansam e meus sentimentos estão comigo, sempre me ajudando a ser mais verdadeira.
Escrevo, escrevo... minha vida.